segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

Três notícias literárias




Do poeta Dideus Sales, tenho notícias desde criança, quando ouvia a Rádio Educadora, onde ele era apresentador


Pedro Salgueiro Três notícias literárias


DIDEUS SALES

Soube, através de amigos, que o poeta Dideus Sales estaria em Fortaleza para lançamento de livro sobre Luis Gonzaga; o local - mais que aprazível - seria o projeto Bazar das Letras do SESC, capitaneado pelo meu amigo Carlos Vazconcelos, que competentemente conversa todo mês com um escritor cearense ou de outros estados sobre literatura; depois (quando são autografados os livros, sempre com um preço bem convidativo) desse diálogo agradável o leitor tem oportunidade de “trocar umas idéias” com o autor convidado, assim como reencontrar amigos, rever colegas escritores.

Do poeta Dideus tenho notícias desde criança, quando ouvia a Rádio Educadora de Crateús, onde ele já era um dos apresentadores de destaque. Com o passar dos anos, através de amigos comuns, fui sabendo das façanhas, livros e versos do poeta (isso também só fiquei sabendo depois) natural de Independência (a velha Porronca). Como não o conhecia pessoalmente fui lá prestigiá-lo, esperando encontrar um senhor de idade avançada, cabelos embranquecidos pela cal do tempo; e que surpresa: todo fagueiro no palco recitando cordéis, contando piadas, um sujeito de minha idade, gordinho feito eu e com o nosso inconfundível sotaque de matuto dos Inhamuns. Depois da apresentação, trocamos um abraço de velhos “conhecidos” e, ao ouvir minha surpresa com sua jovialidade, se saiu com esta: - É que eu comecei novo no rádio! Mal tinha completado 15 anos já estava no “batente”...

Semanas depois, a gulosa turma dos Poetas de Quinta estava comendo uma galinha pé-duro na longa mesa de sua casa em Aracati, visita que ele retribuiu (ao Fortim) logo no dia seguinte. Encontros regados a cerveja e poesia popular da melhor qualidade.


ONDJAKI

Esta semana esteve em Fortaleza um dos melhores escritores de língua portuguesa da atualidade: o jovem angolano Ondjaki, que eu já conhecia de livro (havia lido sua coletânea de contos Quantas madrugadas tem a noite) e, pasmem!, até já havia publicado, alguns anos atrás, um conto dele em nossa revista Caos Portátil, trazido por Jorge Pieiro de uma de suas estranhas viagens por Panaplos e arredores. Curioso, convidei amigos e fomos assistir ao bate-papo do colega africano com a escritora paulista (radicada em Fortaleza) Nina Rizzi e a competente professora da UFC, Fernanda Coutinho. A inexplicável pouca presença de público não foi entrave para a agradável noite. O talentoso escritor foi falando sobre tudo, de sua infância na pátria já liberta das garras coloniais, de seu fazer literário e de sua inspiradora avó (a mesmíssima de AvóDezanove e o segredo do soviético e outros livros seus). 

Ao lado do auditório do BNB (agora funcionando no Centro de Referência dos Professores, ali onde já foi o velho Mercado Central), fomos tomando conhecimento de outros livros do escritor: Aprendisajens com o xão (poesia), A bicicleta que tinha bigodes e o recente Uma escuridão bonita (infanto-juvenis, mas não só, maravilhosamente ilustrados por Antônio Jorge Gonçalves). De noite ficou o convite para que assistíssemos no dia seguinte, no Sobrado José Lourenço, ao documentário sobre Luanda Oxalá cresçam pitangas.

E o bate-papo, o documentário e as conversas posteriores deixaram em nós um gostinho de quero mais, uma curiosidade de maior conhecimento não somente sobre o autor, mas sobre esse país tão parecido com o nosso, sobre esse povo tão alegre e sofredor como o nosso; também deixou em mim uma saudade dos anos 1980, quando eu dava meus primeiros passos literários e tomei conhecimento de Angola através de um de seus maiores escritores: José Luandino Vieira, de quem me tornei leitor fiel e admirador incondicional.


MILTON DIAS

A melhor notícia que poderia ter a literatura cearense este ano (dos 30 anos de ausência do fundamental escritor de As cunhãs) foi a de que finalmente o romance perdido de Milton Dias vai ser publicado. Desde os anos 1990 que ouço falar no misterioso A senhora da sexta-feira, deixado inédito pelo famoso cronista. Várias vezes perguntei ao amigo Sânzio de Azevedo sobre o livro, se ele tinha notícias, se havia lido... Ele me respondia que apenas tinha ouvido vagas notícias. De Milton Dias tive o prazer de ainda ser leitor de suas crônicas no jornal O POVO, bem antes de sonhar em escrever; depois tive também o prazer de ler seus livros, desde o póstumo Relembranças aos mais raros, adquiridos em sebos (alguns até com seu autógrafo).

Finalmente, e após três décadas, vamos ter a oportunidade (e o prazer) de ler aquele que foi o “canto do cisne” de Milton Dias, seu livro inédito dado até pelos amigos mais próximos como perdido: sei apenas que ele conta a curiosa história de uma bem casada jovem, que se chama Mafalda, da alta-sociedade, e que ela misteriosamente morre na casa de um suposto amante... de mais não sei, e se soubesse não contaria. Pois quem quiser saber vá quinta-feira próxima (dia 7 de novembro), às 19h, ao Ideal Clube, onde o livro será lançado.




quinta-feira, 14 de novembro de 2013

EM 26 DE JUNHO DE 2013, O PROJETO BAZAR DAS LETRAS, DO SESC, RECEBEU A PROFESSORA E ESCRITORA VERA MORAES.


SOBRE VERA MORAES:

Professora do Departamento de Literatura e do Programa de Pós-Graduação em Literatura Comparada da Universidade Federal do Ceará. Foi professora também da UFPE, da Universidade Católica de Pernambuco e da UECE.

Publicou: A Arte Poética de Artur Eduardo Benevides; A mulher na literatura de cordel; CLÃ – trajetórias do modernismo em revista; Entre Narciso e Eros: a construção do discurso amoroso em José de Alencar (Prêmio Osmundo Pontes, da Academia Cearense de Letras). Publicou ainda Brinco de pérola (crônicas) – um dos vencedores do IV Edital de Incentivo à Arte e à Cultura da Secult, e Poemas à flor da pele - VI Edital de Incentivo à Arte e à Cultura da Secult, na área de criação literária.

Cursou Especialização em Literatura Brasileira e Mestrado em Teoria da Literatura, ambos na UFRJ, além de Doutorado em Sociologia, na UFC, e Pós-Doutorado em Literatura Comparada, na USP.

O livro sobre a Revista CLÃ foi tema de sua dissertação de mestrado, enquanto que o livro sobre os romances de José de Alencar foi tema de sua tese de doutorado. Ministrou palestras e cursos em vários eventos e universidades e tem crônicas, poemas e ensaios literários publicados em jornais e revistas especializadas do país.


SOBRE O LIVRO:

“A tenacidade na recuperação do tema da infância, em Clarice Lispector, assoma-se com leveza aos escritos de Vera Moraes aqui reunidos.”
Ricardo Iannace

“Uma dança é justamente o que aparece no ensaio “Um olhar de criança”, de Vera Moraes. A autora vai dançando em uma melodia polifônica cercada com as vozes de crianças, de bichos e de mulheres de diferentes idades para se envolver em uma espécie de redescoberta do mundo com os textos de Clarice Lispector.”
Nilson Dinis







EM 30 DE ABRIL DE 2013, O PROJETO BAZAR DAS LETRAS, DO SESC, RECEBEU O POETA HENRIQUE BELTRÃO.



HENRIQUE BELTRÃO é poeta, compositor, radialista, professor da UFC.

Publicou os seguintes livros de poemas e canções:
Vermelho (2007)
Simples (2009).

Produz e apresenta os programas TODOS OS SENTIDOS e SEM FRONTEIRAS: PLURAL PELA PAZ.

Simples, de Henrique Beltrão, é um livro onde palavra, amor e amigos parecem sinônimos de longa data. O poeta, como lhe é peculiar, derrama gestos amorosos em tudo que (o) toca: pessoas, palavras, parceiros. Essa irmandade confere ao livro uma sintonia única entre suas partes, que conversam entre si como notas numa música.
SARAH DIVA (professora de Literatura - UECE)

Henrique Beltrão solta seu recado no ar
amplificando os poderes do cantar.
Viajante do infinito pensamento
pois ele sabe muito bem
morar no silêncio potente da palavra.
FÁTIMA SOUZA (Mestre em Literatura pela UFC)

Devem-se folhear as páginas dos livros de Beltrão como quem descerra janelas, de par em par, e espera não menos que a simplicidade da brisa, a integridade dos raios de sol, a beleza cotidiana do dia. O poeta passa ao largo dos spleens tão em voga nestes tempos ditos pós-modernos. Para ele poesia é celebração, de si, do outro, do mundo de fora e de dentro. Então construí um poema de vidro./Se o puseres ao sol verás a riqueza de suas matizes.
CARLOS VAZCONCELOS  (Escritor)



5 DE MARÇO DE 2013 - PROJETO BAZAR DAS LETRAS – SESC RECEBEU A PROFESSORA E ESCRITORA EFERNANDA COUTINHO




SOBRE A AUTORA

FERNANDA COUTINHO é Doutora em Teoria da Literatura pela UFPE e Pós-Doutora em Literatura Comparada, junto à UFMG e à Université de la Sorbonne – Paris. Professora de Teoria da Literatura e Literatura Comparada na UFC. Responsável pelo projeto intitulado Infância e interculturalidade, cujo objetivo é refletir sobre a construção e desconstrução da noção de infância num movimento histórico-sócio-ideológico.

Publicou Família e sentimento: paisagens da infância em Vidas Secas; organizou o seminário “Vidas, para sempre secas” e a exposição “Caras murchas das vidas secas”, no CCBNB. Organizou ainda os livros: A vida ao rés do chão: artes de Bispo do Rosário, em colaboração com Marília Carvalho e Renata Moreira; Raquel de Queiroz: uma escrita no tempo; Clarices: uma homenagem (90 anos de lançamento de Laços de família, em parceria com a Profª Vera Moraes.

SOBRE O LIVRO

“Num livro claro, denso e preciso, Fernanda Coutinho sabe como ninguém abrir o envelope das palavras, dando-lhes vida. Mais do que um ensaio sobre literatura comparada, esse livro é uma meditação. Merece estar nas mãos de todos os que se preocupam com a infância, real ou imaginária, no Brasil.”
Mary Del Priore